
PSORÍASE E O USO DE IMUNOBIOLÓGICOS NO TRATAMENTO
Palavras-chave: Psoríase; Tratamentos Biológicos; Doenças Autoimunes
DOI: 10.59290/978-65-6029-220-8.25
ISBN: 978-65-6029-220-8
INTRODUÇÃO
A psoríase é uma doença caracterizada como imunomediada, de caráter crônico e inflamatório principalmente na pele, unhas e articulações com formação de placas eritemato-escamosas. A fisiopatologia está relacionada a interação do sistema imunológico inato e o adquirido, ainda não é claro a sua etiologia, também pode envolver fatores ambientais, genéticos que predispõem a doença (CASTILHO et al., 2021).
Ademais, é uma condição que tem o aparecimento de lesões avermelhadas com descamação da pele, queimação, prurido, edema e rigidez nas articulações e alterações nas unhas. Acredita-se que isso acontece quando os linfócitos T soltam substâncias inflamatórias que favorecem a dilatação dos vasos sanguíneo e a proliferação da pele. A psoríase pode ser desenvolvida em associação a comorbidades existentes como doenças gastrointestinais, distúrbios do humor e cardiometabólicos (SBD, 2025).
Essa doença tem característica estigmatizante relacionado ao desenvolvimento de transtornos psicológicos como de humor e depressão durante o curso da psoríase. interferindo de forma negativa na vida dos indivíduos (RODRIGUES et al., 2020). Desse modo, o tratamento é individualizado e fundamental para uma melhor qualidade de vida. Nos casos mais leves, o uso de corticosteroides tópicos pode reduzir os sintomas, no moderado o uso de fototerapia – exposição à luz ultravioleta e medicações de uso sistêmicos e nos graves o uso de fármacos biológicos (SBD, 2025).
As terapias biológicas têm sido o novo alvo para a psoríase grave e refratária sendo administrada por via subcutânea ou endovenosa como, o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) – adalimumabe, infliximabe, a interleucina 17 (IL-17) – secuquinumabe e ixequizumabe e interleucina 23 (IL-23) – guselcumabe e risanquizumabe. Além disso, o acompanhamento psico- lógico, alimentação balanceada e prática de atividade física contribuem para melhora da clínica e da autoestima e qualidade de vida (FRAZÃO et al., 2024).
O estudo tem como objetivo compreender o uso de imunobiológicos no tratamento de psoríase. Nesse sentindo, a terapia com imunobiológicos mostra eficácia e melhorias significati- vas tanto nas lesões cutâneas quanto na qualidade de vida. Entretanto, é fundamentar avaliar o risco e benefício de cada paciente para tomada de decisões terapêuticas. Sendo assim, é essencial o desenvolvimento de pesquisas futuras para investigar o mecanismo de ação e os grupos mais indicados.
METODO
O estudo trata-se uma revisão bibliográfica, integrativa e exploratória que busca conhecer o tratamento com imunobiológicos na psoríase. A seleção e a coleta de dados deram-se através de bases de dados Google Acadêmico, plataforma SciELO (Scientific Eletronic Library Online), Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e materiais digitais que estão disponíveis como livros, dissertações, teses e monografias. Os descritores de saúde utilizados foram do
DESC/MESH “psoríase”, “tratamento biológico”. Os critérios de inclusão foram materiais na língua de português, inglês e espanhol, na íntegra e nos últimos 5 anos. Os critérios de exclusão foram aqueles que não atendiam o objetivo do estudo, duplicados e padrão temporal.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A psoríase é caracterizada por um processo inflamatório hiperproliferativo imunomediada afetando 2% da população igual para homens e mulheres. Acomete a pele e unhas apresenta microvasos dilatados na derme e presença de placas escamosas podendo ser dolorosa e pruriginosa (MALDONATO, 2021). Ademais essas lesões são bem definidas e eritematosas podendo acompanhar prurido e dor (RODRIGUES et al., 2020).
A etiologia ainda não é bem definida, mas pode ter associação com artrite psoriásica, doença de Crohn, diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica, depressão, genética, imunológico e o ambiente (MALDONATO, 2021). Além disso, o estresse tem alta predisposição em 44% dos casos e como agravante 88% dos casos diagnosticado. Outros fatores associados incluem tabagismo, alcoolismo, uso de drogas, dieta, exposição solar, hábitos de vida (RODRIGUES et al, 2020).
A patogênese implica na liberação de substâncias inflamatórias por linfócitos T que desencadeia uma aceleração proliferativa celular na pele resultando em uma descamação nas lesões cutâneas (OLIVEIRA & PAIXÃO, 2024). É uma doença que pode se manifestar em qualquer idade, porém tem maior prevalência entre 20 e 30 anos, e 50 e 60 anos (LENA et al.,
2021).
A psoríase é uma doença com grande impacto na saúde mental e física do indivíduo capaz de interferir nas atividades diárias e sociais. Nesse viés, condições de ansiedade, depressão, estresse e autoestima estão presentes estabelecendo ciclos viciosos. O sentimento de culpa, vergonha, rejeição e isolamento social contribuem para o agravamento da doença e das lesões (RODRIGUES et al, 2020).
Segundo Oliveira e Paixão (2024) as principais alterações encontradas na pele do indivíduo com psoríase são:
- Placas de pele espessas e avermelhadas: principalmente no couro cabeludo, cotovelos, joelhos e parte inferior das costas.
- Prurido e dor: geralmente intensas a coceira e dolorosas em alguns casos.
- Descamação da pele: ficam soltas em escamas finas e prateadas podendo acumular dependendo da região afeta e corre o risco de desprender e o local ficar vulnerável.
- Unhas afetadas: pode levar alterações com manchas amarelas ou marrons, deslocamento do leito ungueal.
- Articulações inflamadas: provoca dor, edema e rigidez nas articulações, especialmente e, mãos, pés, joelhos e tornozelos.
A psoríase eritrodérmica é considerada a mais grave pela presença de eritema e descamação generalizada em 90% da superfície corpórea. A psoríase gutata acomete a região dos braços, pernas, couro cabeludo e tronco com pequenas lesões vermelhas em formas de gotas. Sendo a segunda forma mais comum, afeta crianças e adultos com menos de 30 anos e pode ser desencadeada por infecções virais e doenças respiratórias (LENA et al., 2021).
No entanto, existem diversas formas clínicas que diferenciam as lesões quanto a localidade. A Psoríase Vulvar apresenta lesões pápulo eritemato escamosas e afeta regiões extensoras como joelhos, couro cabeludo, cotovelos e região lombar (WERTH, 2022).
A psoríase palmo – plantar tem duas características em localizações únicas de lesões ou erupção generalizada descamativas. A psoríase inversa diferente das demais encontra-se na axila, virilha, dobra de cotovelo e joelho, locais esses de atrito e suor tornando-se as lesões mais úmidas, planas e sem descamação (OLIVEIRA & PAIXAO, 2224).
A psoríase ungueal pode afetar entre 80 e 90% dos indivíduos em algum momento da doença, inicia-se com depressões nas unhas, aumento da espessura, fragilidade ungueal e manchas brancas em óleo ou placas de cor de salmão, espessamento subungueal, deslocamento da unha e hemorragias (OLIVEIRA et al., 2023).
O diagnóstico da psoríase é clínico baseado na anamnese com informações pertinentes do caso com perguntas do histórico pessoal e familiar, fatores desencadeantes como estresse, infecções ou lesões cutâneas. No exame físico é necessário inspecionar a pele em busca de lesões, couro cabeludo, áreas de dobras e unhas, caso com a avaliação desses dois pontos não seja suficiente há possibilidade solicitar biópsia da lesão. Ademias, é essencial excluir outras causas como erupção medicamentosa, linfoma cutâneo e células T (RODRIGUES et al, 2020; OLIVEIRA & PAIXÃO, 2024).
Na terapêutica é importante levar em consideração a gravidade e o impacto na qualidade de vida porque pode desencadear condições clínicas como transtorno de humor, doenças gastrointestinais e cardiovasculares (MALDO- NATO, 2021). Dentre as opções de tratamento tem-se os agentes tópicos com uso de corticosteroides que ajuda na inflamação e na coceira e os retinóides tópicos que reduzem o cresci- mento excessivo das células da pele (OLIVEIRA & PAIXAO, 2024).
O uso da luz ultravioleta (UV) diminui os sintomas da psoríase pode ser utilizada no consultório médico ou em uma caixa de luz em casa. O uso da vitamina D oral tem mostrado eficácia no controle de escamas e renovação da pele (MALDONATO, 2021; LENA et al., 2021). Além desses, o uso das terapias complementares ajuda no alívio de alguns sintomas como a acupuntura, aromaterapia, meditação e suplementação dietéticos (OLIVEIRA & PAIXÃO, 2024).
Nesse víeis, a escolha do tratamento mais adequado depende do quadro clínico do indiví- duo, da extensão das lesões, do acometimento ou não das articulações e da gravidade (AM- BROSIO et al., 2024). Nesse ínterim, o uso de imunobiológicos é uma alternativa eficaz na terapêutica da psoríase sendo a primeira linha de tratamento em casos moderado a grave, e refratários no uso de fármacos tradicionais e fototerapia. Observa-se nos estudos melhorias na qualidade de vida e na redução dos sintomas (CARRASQUILO et al., 2020).
Esses medicamentos em específicos abordam moléculas envolvidas na resposta inflamatória, mostrando eficazes como os inibidores de TNF-alfa, IL-17 e IL-23 cada um atua em diferentes alvos moleculares, visto que eles promovem um controle efetivo dos sintomas. Por exemplo, o uso secukinumab, atua neutralizando a IL-17 A reduzindo a gravidade da doença e atua na proliferação de queratinócitos e inflamação dérmica (TAVARES et al., 2024).
Os inibidores de TNF como adalimumabe, etanercepte e infliximabe, diminuem a inflamação e a proliferação celular. Os inibidores de IL-23, como o risancizumabe, diminuem a ativação de células T patogênicas e a produção de citocinas inflamatórias, resultando em uma melhora clínica (GUERRA et al., 2024).
Segundo Sigolo e Alves (2023) a decisão terapêutica impacta na escolha do medicamento mais adequado conforme o quadro apresentando, na resposta ao longo prazo e na necessidade da suspensão do tratamento. Fica evidente, que pode haver efeitos adversos reduzindo a imunidade de defesa e favorecendo a propagação de microrganismo. Sendo fundamental, orientar o indivíduo, utilizar a dosagem e a frequência indicada para o uso diminuindo os efeitos.
É importante destacar que essa classe representa uma inovação significativa no manejo da psoríase fornecendo uma abordagem direcionada nos componentes do sistema imunitário. Além da eficácia demostrada nos imunobiológicos, tem um perfil de segurança favorável a longo prazo em psoríase moderada e grave (GUERRA et al., 2024).
CONCLUSÃO
A psoríase é uma doença automediada, crônica e inflamatória que afeta diversas partes do corpo, principalmente a pele. E importante o diagnóstico adequado devido os impactos negativos na qualidade de vida, na saúde física e mental do indivíduo. Desse modo, a terapêutica depende de diversos fatores como a gravidade, o tipo de lesão e localização para a melhor conduta.
No estudo em questão, os imunobiológicos demostraram alta eficácia terapêutica, assim como qualquer medicação é necessário entender os efeitos locais e ter cautela na prescrição do medicamento. Assim, o tratamento deve ser individualizado e monitorado continuamente para reajustes das intervenções, garantindo segurança e eficácia a curto e longo prazo, buscando reduzir os efeitos adversos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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AUTORES
GABRIELE HERRERA TIMPORIM1
MARIA LAURA DE SOUZA ASSUNÇÃO1;
KARINA MARIA DE ALMEIDA1;
GIULIA GRASTIQUINI BORGES DE CAMARGOS1
ANDREIA VIEIRA LOPES PEREIRA1;
WILSON ANTÔNIO DOS SANTOS DOURADO1
GISLAINE LEAL BRINGEL2;
POLIANA MACHADO DE SOUZA MEWES2
VIVIANE SILVEIRA DE LEMOS2;
VALDANY ARAÚJO BEZERRA ROCHA2
ROBERTO JOSÉ DE SÁ ROCHA2;
MARIA LUIZA ARRAIS DE ALCÂNTARA MELO3
CLARISSA FACHETTI CARVALHO3;
REGIANE PALOMO MORAES4;
PATRÍCIA SANTANA DA MATA5;
1Discente – Universidade Brasil Fernandópolis
2Discente – Universidade de Açailândia FAMEAC/IDOMED
3Discente- Faculdade Afya Palmas
4Docente – UNIFRADA e Discente de Mestrado no UNASP
5Discente – Universidad Privada del Este- UPE
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